segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Só uma dica.

Pois é. Brasil. Grande povo. Nação rica em minérios, agricultura, pecuária, petróleo. Este país tem de praia à montanha. Temos cidades históricas de mais de 400 anos, belas paisagens, climas dos mais variados, de calor tropical a neve surreal. Pessoas bonitas, gente humilde. Nossos vizinhos são maravilhosos, nos oferecem, por um bom preço comida, bebida e diversão muito boas. E o comércio de eletrônicos é incrível.
Se isso fosse uma casa, certamente qualquer um iria querer comprar. E o mais legal é que seria bem barato. E se fosse uma empresa? Bom, se fosse uma empresa estaria bem, já que o presidente da empresa diz aos funcionários que as ações estão em alta e que as vendas estão maravilhosas. E os nossos clientes? O que diriam? Ah, os nossos clientes. Estes estão muito felizes com o desempenho da empresa. Felizes com a nossa capacidade de encontrar mão-de-obra barata e matéria-prima abundante, barateando o preço final do produto. Já os nossos concorrentes, estes sim estão felizes.
Porr* , se a empresa está tão bem, como pode os nossos concorrentes estarem tão felizes assim? É simples. Nossa empresa não faz uma concorrência desleal. Ou melhor, nem mesmo faz uma concorrência. Os nossos estoques estão abertos a todos os concorrentes. Se você não tem material para pesquisa ou falta um componente na sua próxima fabricação, podem vir aos nossos estoques e levarem o que quiserem. Eu estava esquecendo, eles podem patentear qualquer uma de nossas criações também, menos as que já estão patenteadas, é claro.
O único problema é com os funcionários. Eles não estão satisfeitos com a política da empresa. Os administradores da empresa estão faltando com decoro. Ou melhor, traduzindo para o nosso bom português, com uma ajudinha do grande amigo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, faltando com a decência. Por que vergonha já não tem faz tempo. Nós, os funcionários, recebemos pouco, não partilhamos dos lucros da empresa e ainda por cima somos sujeitos aos subjugo de nossa inteligência. Somos negligenciados perante nossos anseios e pior, nossas necessidades. Tudo isso para quê? Para agradar aos nossos concorrentes.
Vamos deixar de metáforas, pois se o Brasil fosse uma empresa, já teria sido vendida ou ido à falência há muito tempo. Pelo amor do bom Jesus Cristo, será que estamos tão satisfeitos com os míseros salários, que aqui fazem perfeita alusão ao que ganhamos, pois só dá para comprar sal com o que recebemos, que não temos força para reagir contra esse monstro que estamos alimentando dentro de nossa própria casa? Ou estamos tão famintos e doentes que não temos saúde para nos levantarmos contra o monstro gigante da safadeza dos nossos governantes? E não me venham os marxistas de plantão e os socialistas de carteirinha me dizer que é culpa do capital e da mais-valia tudo isso. Peguem a suas revistinhas e seus ídolos revolucionários e enfia no (pausa), a onde vocês quiserem, porque isso é falta de decência e de amor à pátria e ao próximo. E não achem os direitistas que eu estou os defendendo, porque a zona quem fez foram vocês, os tais revolucionários só estão perpetuando o estrago que VOCÊS fizeram. O ser humano tem uma capacidade incrível de destruir. Estão destruindo o nosso país, destruindo a nossa cultura, destruindo o nosso patrimônio, destruindo a nossa esperança, destruindo tudo. Puta que pariu, os estrangeiros estão tomando conta da nação, ao invés de dar incentivo aos brasileiros que querem montar uma empresa em solo nacional, eles abaixam os impostos, doam terras e ainda dão as “licitações” para o “capital” estrangeiro. Eu não agüento! Assim é demais. Nós pagamos mais de três meses de nossos salários de impostos, pessoal, quase 40% do que ganhamos vai para o governo, e os caras vêm com a cara-de-pau de dar incentivo fiscal para gringo? Me mata de vergonha. Tudo bem, tudo bem, vamos facilitar. Vamos fazer igual na China, eu pago a bala, mas me metam um tiro na cabeça. Eu não quero mais ver isso. Povo, acorda. Vou dar uns exemplos. Temos uma produção de trigo enorme em solo nacional. Daí, colhemos o trigo e exportamos. Lógico, temos que vender para ter dinheiro para comprar outros produtos. Mais comprar o nosso próprio trigo processado já é demais.
As multinacionais farmacêuticas estrangeiras entram em solo nacional e exploram a nossa flora atrás de princípios ativos. Legal. Temos um quintal bem grande mesmo. Daí os caras inventam um remédio, compram a matéria-prima do Brasil, processam, fabricam e patenteiam o remédio e nos vendem a preços exorbitantes. “Mais se nós não conseguimos fazer isso aqui, qual o problema de alguém de fora fazer o bem para a humanidade?”. O problema é que nós não conseguimos produzir porque não temos incentivo à pesquisa. Nós temos grandes mentes na área de botânica, química, biologia e medicina no país, só que sem incentivo, essas mentes são “compradas” pelos estrangeiros. E o pior, as poucas pesquisas que existem dentro do país são financiadas por capital estrangeiro. Estamos exportando tudo, até nossos cientistas, ou ninguém lembra da mídia podre do país noticiando que foi tocada a música Brasileirinho no espaço. Foi um norueguês por acaso que resolveu colocar a música no firmamento? Não, foi uma brasileira que trabalha na NASA. Se não tomarmos vergonha na cara e segurarmos os nossos produtos e brasileiros aqui em casa, vamos acabar sem nada. Nem empresa, nem casa, nem remédio e muito menos dignidade.
Mais bem que poderia um estrangeiro desses qualquer ai comprar uns poucos bilhões de hectares de terras amazônicas e descobrir um princípio-ativo para uma vacina contra burrice e outra contra falta de caráter. A contra burrice eu daria para o povo, a outra para os governantes de todas as estâncias do poder público brasileiro.

Ó Pai, eu creio, mais aumentai minha fé.


1 comentário:

  1. Sem palavras para comentar. Vou indicar esse blog pra todo mundo.
    Excelente texto.

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